Acredito que somos irracionais quando nos tentam destruir o que de mais valioso temos.

As nossas raízes definem os nossos comportamentos futuros e por mais que tentemos desviar o caminho para as esquecer, elas estão lá e mais tarde ou mais cedo transbordaram de nós.

É preciso, no entanto, conhecê-las e gostar das nossas raízes para que não entremos em negação, ou podemos correr o risco de nos perdermos e fazer sofrer quem nos ama incondicionalmente.
ass:vermelhinha

26 setembro 2007

O EMBARQUE


(cont.)
20h 50m

Depois de passarmos pela segurança do check-in do aeroporto de Londres- Heathrow, que por curiosidade, foi o único aeroporto onde exigiram que nos descalçássemos, estamos à mais de 1 hora à espera para embarcar.
Fomos avisados que a tripulação do voo da SriLanka Airlines está a passar pela segurança e por essa razão o embarque está atrasado 10 a 15m, não 30m, não 50m, NÃO 1 HORA.


+- 22 horas

Finalmente estamos a fazer o embarque, mas como somos mais de 200 pessoas isto vai levar uma eternidade.
Estamos quase a entrar no avião e de repente passa por nós a policia do Aeroporto direito ao nosso avião e dirigem-se a 4 passageiros que já se encontram lá dentro. Três homens e uma mulher estão retidos e são "convidados" a abandonar o avião, sendo que os gritos que ouvimos de um dos homens é a pedir que não o agarrem, pois ele sai de livre vontade.
Esta situação impede que os passageiros continuem a entrar no avião e por isso assistimos ao acontecimento que mais parecia uma cena de filme. No entanto não conseguimos perceber a razão que leva a policia a detê-los.
Visto que a discussão é demorada a polícia pega-lhes mesmo pelo braço, puxando-o atrás e torcendo para que não se soltem. Passam por nós a gritar e a reclamar, porque estão a magoa-los e têm os seus direitos.

Eu entro rapidamente para o avião, porque tenho receio de que possa acontecer coisas piores. Eles tinham uma cara de desesperados e por isso podem muito bem perder a cabeça, mas o Pedro fica a ver o que se vai passar a seguir.
De repente um dos detidos começa a gritar cada vez mais alto e a tentar soltar-se e nisto a policia atira-se literalmente para cima dele sem piedade. Seguem-se gritos de dor, enquanto eu grito para o Pedro entrar no avião, porque eu estava com medo.
Os gritos são tão horripilantes que pensamos que lhes tinham partido o braço.

Já estão todos os passageiros no avião e são quase 11 da noite. Vamos iniciar a descolagem e esperam-nos 8 horas de voo.
Oferecem-nos mantas para nos taparmos e rapidamente servem-nos alguma coisa para comer e beber, porque estamos muito atrasados.
Quando estamos a sobrevoar o Norte de África, a hospedeira pede para fecharmos a persiana da janela e começam a baixar a intensidade da luz do avião para dormirmos.
Em frente ao nosso acento temos um monitor onde podemos jogar, ver filmes, ouvir música de rádio, ver o mapa com a rota do nosso voo e reparo que estamos muito perto de Bagdad.
Pergunto à hospedeira se posso manter a minha janela aberta ao que me responde que não e pergunto porquê. Diz-me delicadamente que vamos dormir e entretanto o sol vai nascer e entra a luz.
Não fiquei nada convencida e a verdadeira razão é que estávamos muito perto de Bagdad e não podíamos atravessar o espaço aéreo deles. Tivemos que contornar a fronteira, razão pela qual demora mais tempo a viagem.


01 de Setembro de 2007 - 3 horas da manhã (hora de Lisboa)

Tenho de vos dizer que me borrifei para a hospedeira e estou a ver o sol a nascer, jamais perderia este momento durante um voo e acho que merecíamos.
Eu não consigo dormir, estou impaciente e já irritada pelo sono, mas ver o sol nascer supera tudo e só faltam 4 horas para chegarmos a Male.
Vou ler o meu livro para passar o tempo e ouvir música, o Pedro dorme e bem.

próximo post: Chegada a Male. Será que chegaram todas as bagagens?

Um comentário:

Pipocas Bebé disse...

Podes continuar, minha querida,estou a acompanhar!
Beijoquinhas fofinhas!